03 maio 2014

Coração & Colesterol

O colesterol é um tipo de gordura que é transportada pelo sangue para todas as células do organismo. Os seres humanos, bem como todos os animais, necessitam de colesterol para o desenvolvimento das paredes celulares e para o desempenho de outras funções importantes, como a produção de hormonas, vitaminas, etc. Quanto à sua origem provém de duas fontes: endógena (o fígado produz 70% do colesterol do sangue) e exógena (dos alimentos obtêm-se apenas 30%).
No entanto, o excesso de colesterol, também chamado hipercolesterolemia, é uma das condições de saúde mais prevalentes na população dos países desenvolvidos. Pode ter várias etiologias, desde ambiental, genética, hereditária, secundária a outras doenças (ex. diabetes) ou mista. Como doença genética, a hipercolesterolemia familiar é das mais comuns, afectando mais de 1/1000 indivíduos. Contudo, na maioria dos casos, a origem é mista com preponderância do factor ambiental (ex má alimentação, sedentarismo). 

Veja-se que o excesso de colesterol tem várias implicações para a saúde, principalmente a nível cardiovascular: de uma forma simplificada, o colesterol deposita-se nos vasos sanguíneos desencadeando um processo inflamatório, com formação de uma massa instável chamada placa de ateroma (aterosclerose). Esta placa é responsável pela oclusão dos vasos sanguíneos quando se “solta”, formando trombos que, literalmente, entopem os vasos de menor calibre. Porém, a hipercolesterolemia é uma doença silenciosa, podendo causar ligeiras alterações físicas como xantomas (lesões encontradas na pele sob a forma de nódulos de colesterol), xantelasmas palpebrais (manchas amarelas em redor dos olhos) e arco senil (descoloração branca em redor da córnea), ou na sua forma mais grave, angina de peito, derrame ou acidente vascular cerebral (AVC), ataque isquémico transitório (AIT), enfarte agudo do miocárdio e doença arterial periférica (tromboflebite). Atualmente, estas são as principais causas de morte e incapacidade em Portugal (39% do total de óbitos), pelo que se entendem todos os alertas e campanhas relacionados com o apertado controlo do colesterol. 

Deste modo, é da máxima importância saber o que fazer para prevenir ou tratar esta doença silenciosa. No geral, manter um estilo de vida saudável é determinante, ou seja, não basta a alimentação, pois sabe-se que os hábitos alcoólicos e os fármacos estão associados com a maior produção de colesterol hepático, enquanto que a actividade física diminui o colesterol total, aumentando o colesterol HDL - “bom”. Em termos conceptuais interessa fazer esta distinção: o colesterol total é referido apenas como “colesterol” (menos de 190mg/dl), mas é o somatório do colesterol HDL -“bom” - (mais de 40mg/dl) com o LDL - “mau” - (menos de 130mg/dl). A verdadeira interpretação do “colesterol” deve ser feita a partir dos valores individuais e da relação entre os dois sub-tipos de colesterol, pois o “bom” é considerado um factor protector e o “mau” um factor de risco. Portanto, para determinar o índice aterogénico (risco cardiovascular) divide-se o colesterol total pelo colesterol HDL, sendo que este valor deve ser inferior a 5, caso não seja deve actuar de imediato alterando o seu estilo de vida e, claro, consultar um profissional de saúde.

Causas do Colesterol Alto
Hoje em dia está provado que uma percentagem de gordura corporal elevada (excesso de peso/ obesidade) predispõe a hipercolesterolemia. Consequentemente, umas das medidas mais eficazes para redução do colesterol é a perda de peso, através de uma dieta alimentar adequada e da prática de exercício, para isso deve consultar profissionais habilitados como o médico, o dietista e um instrutor credenciado de exercício. Ainda assim, pode tomar medidas no dia-a-dia que ajudam a prevenir ou mesmo a diminuir esta doença:
1. Monitorize o colesterol capilar, mensalmente, numa farmácia;
2. Coma com moderação as principais fontes alimentares naturais de colesterol (carnes gordas e vermelhas, banha, toucinho e vísceras, gema de ovo, enchidos e charcutaria, lacticínios gordos como queijo e manteiga, mariscos, crustáceos e moluscos);
3. Evite ingerir alimentos/confecções que aumentem a produção de colesterol no fígado (guisados, fritos, salteados e assados no forno com molho; excesso de tempero com azeite, óleo, manteiga ou margarina; produtos transformados ricos em gorduras saturadas e trans, como bolachas, bolos, pastelaria, snacks fritos, salgados, batatas fritas, pão industrial, tostas, pães de leite, etc); 
4. Beba álcool com moderação, preferindo vinho e cerveja em vez de bebidas destiladas;
5. Introduza na alimentação diária alimentos que ajudam a diminuir o colesterol, nas porções adequadas (consulte um dietista), como peixes, frutas e vegetais frescos, nozes e sementes (sésamo, linhaça), farinhas integrais e derivados (pão, flocos), arroz e massa integrais, leguminosas frescas e secas (feijões, grão, soja, ervilhas, lentilhas, favas, cuscuz);
6. Evite sobrecargas de medicação, discutindo a situação com o seu médico;
7. Pratique 30 minutos de exercício moderado por dia, ou 3 vezes por semana exercício vigoroso.
Não obstante estas medidas, existem suplementos alimentares naturais a que se pode recorrer antes de recorrer aos fármacos ou em seu complemento, são exemplos, os óleos polinsaturados naturais ou sintéticos e fitosteróis (ex. ómega-3 – DHA e EPA – sitostanol, beta-sitosterol e policosanol, ou associações), fibras ou farelos naturais (psyllium, aveia, trigo), extractos de alcachofra, de cardo mariano, de boldo, de alho, de beringela, de chá verde, entre outros. Antes de tomar qualquer um destes suplementos deve consultar o médico, pois podem-lhe causar alergia/ intolerância ou interagirem com a sua medicação. 

Em suma, a monitorização frequente e o controlo dos níveis de colesterol são indispensáveis para prevenir a doença cardíaca e circulatória. Para isso, deve manter um estilo de vida saudável, evitando os alimentos ricos em colesterol ou que aumentam a sua produção no fígado, consumindo mais dos que favorecem a produção de colesterol bom  e levando uma vida activa! Cuide do seu coração!


Nota: as medidas descritas no artigo não substituem os fármacos, pelo que não deve suspender a toma de nenhum medicamento sem consultar um profissional de saúde.

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